Veja como trabalhar atividades físicas para pessoas com deficiência

Nicole Utzig Mattjie

Imagine a seguinte situação, você é professor de educação física em uma escola e tem alunos com algum tipo de deficiência física, mas não sabe como trabalhar atividades físicas para pessoas com deficiência. O que você faz? Libera os alunos da educação física ou busca uma forma de incluí-los nas aulas?

Educação física: adaptada ou inclusiva

Podemos dizer que se tem duas linhas na educação física quando se trabalha com portadores de necessidades especiais. São duas modalidades de atuação que dependem muito mais dos educadores que dos alunos propriamente.

Uma das modalidades é a educação física adaptada, na qual os estudantes com deficiência praticam atividades físicas separados dos seus colegas.

A outra é a educação física inclusiva, na qual todos participam das mesmas atividades propostas.

A prática das duas modalidades requer um ambiente acessível, que oferece oportunidades iguais, com inclusão social e valorização das diferenças, estimule o desenvolvimento de habilidades e valorize as competências individuais. Para isso, cabe ao professor planejar as aulas de acordo com as especificidades dos alunos de cada turma.

Sabe-se que essas duas modalidades se encontram designadas à sociedade em uma só que é a educação física adaptada. Mas deve ser de uma maneira diferente: a inclusão deve acontecer com a adaptação dos recursos, das regras, dos professores, dos alunos, dos pais e de todos os envolvidos no processo de ensino/aprendizagem de uma pessoa.

A educação física contribui para o desenvolvimento físico, intelectual, social e psicológico através de jogos e brincadeiras. É nesse contexto que a inclusão deve ocorrer.

Melhores atividades físicas para inclusão

Qualquer atividade física é recomendada para portadores de necessidades especiais assim como para pessoas sem deficiência, desde que se adapte o jogo ou a brincadeira para que elas possam ser incluídas e possam praticar junto ao grupo regular, sem necessidade de montar uma turma extra.

Portanto, na escola, as atividades oferecidas como recreativas, tanto os jogos como as brincadeiras, devem ser pensadas de tal maneira que abranjam todos os praticantes com deficiência ou não.

Através dessas atividades recreativas, jogos lúdicos e passa tempos todos os alunos podem se beneficiar no senso de realização, consciência corporal, desafios físicos e mentais, melhoria da autoestima, expressão criativa, chance de fazer amizades, oportunidade de competir e sistema de cooperação e tudo mais que explore a socialização.

Como trabalhar atividades físicas para pessoas com deficiência

O planejamento sistemático é necessário para que as atividades sejam mais eficientes.

Primeiramente o professor deve estar a par da vivência do estudante. Depois fazer o seu plano, seguindo uma sequência de ação: conhecimento da realidade – reflexão – voltar ao plano que será executado.

O professor deve ter um objetivo a ser alcançado e os métodos que utilizará para chegar a esse objetivo.

A proposta é que o professor deve contemplar o maior número de práticas corporais e de conhecimentos a partir da prática de diversos conteúdos explorados em jogos, brincadeiras e porque não atividades competitivas que busquem um sistema de cooperação entre os alunos.

A aula adaptada pode ocorrer havendo ou não alunos portadores de deficiência. Não existindo alunos deficientes, a aplicação de conteúdo de jogos adaptados serve para mostrar aos alunos como os deficientes se sentem e as dificuldades e desafios que encontram. Nesse sentido, quando houver a necessidade de integrar na turma um aluno com deficiência os outros alunos e até mesmo o professor já terão o entendimento e a aceitação com esse aluno.

 Dicas de como trabalhar atividades físicas para pessoas com deficiência

  • Fazer adaptações no programa escolar: avaliação, planejamento e execução das atividades;
  • A avaliação constante do programa de atividades possibilita as adequações necessárias, considerando as possibilidades e capacidades dos alunos, sempre em relação aos conteúdos e objetivos da educação física (adaptação de material e sua organização na aula, tempo disponível, espaço);
  • Aplicar uma metodologia adequada á compreensão dos alunos, usando estratégias e recursos que despertem neles o interesse e a motivação, através de exemplos concretos, incentivando a expressão e a criatividade;
  • Adaptar os objetivos e conteúdos quando forem necessários, em função das necessidades educativas, dar prioridade a conteúdos e objetivos próprios, definindo o mínimo possível e introduzindo novos quando for preciso;
  • Perceber os interesses e necessidades do aluno em relação as atividades propostas;
  • analisar por quanto tempo o aluno consegue permanecer atento as tarefas solicitadas, para que se possa adequar as atividades às possibilidades do mesmo;
  • Analisar em que grupo de estudantes haverá maior facilidade para aprendizagem e o desenvolvimento de todos.
  • Uma das possibilidades de se trabalhar com os alunos a superação dos preconceitos, atrelados à falta de capacidade, é convidar uma pessoa com deficiência, que pratique o esporte com certo nível de eficácia sobre aquela prática corporal (um atleta possivelmente), para que realize uma demonstração na escola.Assim, os alunos podem perceber as capacidades que as pessoas com deficiência possuem e, assim, terem a chance de rever e ressignificar seus valores, crenças e conceitos em relação aos deficientes.

Cuidados e restrições

  • Respeitar o ritmo, pois, geralmente, são mais lentos naquilo que fazem como falar, andar, pegar as coisas, entender uma ordem, etc;
  • Ter paciência quando ouvi-los, pois alguns têm dificuldade de fala;
  • Lembrar que eles não têm uma doença contagiosa, portanto o carinho, o abraçar e estar sempre perto faz bem;
  • Só tome uma atitude de ajudar em uma determinada atividade, quando for solicitado, pois muitas vezes a ajuda atrapalha que qualquer outra coisa;
  • É necessária uma desconstrução do esporte de rendimento, a fim de gerar um modelo de “esporte da escola;
  • O aluno enquanto sujeito do processo de ensino deve ser capacitado para sua participação na vida social, cultural e esportiva, o que significa não somente a aquisição de uma capacidade de ação funcional, mas a capacidade de conhecer, reconhecer e problematizar sentidos e significados nesta vida, através da reflexão crítica;
  • O esporte adaptado a escola, não deve ser no seu formato convencional, com regras e valores do esporte performance, consequentemente, excludente;
  • O professor deve procurar saber sobre a etiologia, tipologia e grau de deficiência do aluno que compõe sua turma. Para tanto, a relação com a família e a escola para obter informações sobre o tipo e o nível de deficiência e suas potencialidade é necessário.

Fonte: Blog Educação Física

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