Soletrando com as Mãos: estudantes surdos participam de competição de palavras no RS

Nicole Utzig Mattjie

Concurso de soletrar em Libras para crianças surdas? Isso mesmo, desde 2014 o projeto “Soletrando com as Mãos” acontece na cidade de Canoas, no interior do estado do Rio Grande do Sul. O projeto é realizado pela escola Vitória, uma escola municipal de educação bilíngue para alunos surdos, que ensina a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e o Português escrito.

Foto: Gustavo Garbino

Soletrando com as Mãos

Assim como nos concursos de soletrar na televisão, o projeto “Soletrando com as Mãos” também é emocionante e conta com uma banca avaliadora de jurados.  

Cerca de 40 alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Bilíngue para Surdos Vitória, têm 1 minuto para soletrar as palavras sorteadas na Língua Brasileira de Sinais (Libras), de acordo com o nível de cada um.

Segundo o diretor da instituição, Rafael Schilling, o projeto “Soletrando com as Mãos”, foi idealizado pela professora de geografia Carmen Pereira, que há pouco se aposentou da escola.

De acordo com Schilling: “Educar exige criatividade. Nós buscamos sempre implementar novos projetos pedagógicos no intuito de fazer com que os alunos evoluam, ampliem seus conhecimentos e o vocabulário e melhorem a escrita. Eles se envolvem, participam, disputam e, consequentemente, aprendem”.

Todos os estudantes da instituição de 1º a 9º ano, que atende em período integral, participam da competição. Eles são divididos em grupos. O professor de cada disciplina sorteia uma palavra para cada turma. Fazem parte do sorteio, inclusive palavras em inglês. Em grupo, eles escolhem o representante que irá soletrar com as mãos para o corpo de jurados, composto por três professores. Os vencedores são conhecidos e premiados.

Inclusão e valorização

Todos os estudantes da escola são surdos. Alguns têm outras deficiências associadas. “Desde cedo, quando os alunos começam aqui na instituição, a aprendizagem se dá, em primeiro lugar, na Libras e, em segundo lugar, na língua portuguesa na modalidade escrita. A oralidade não faz muito sentido. Mas buscamos aprimorar a técnica da escrita, pois é o que eles vão levar para a vida”, frisou o diretor.

Durante as aulas regulares, os alunos estão trabalhando as palavras para se prepararem para a competição. A participação vale, além da certificação para todos os participantes, pontuação para as matérias regulares do currículo.

O projeto também contribui para que o aluno possa inferir o sentido de uma palavra ou expressão para a compreensão de um texto, entre os vários significados possíveis que a palavra tenha. O diretor da escola ressalta que o projeto só favorece a ampliação do conhecimento. “Sempre ficamos muito satisfeitos com o resultado do projeto, porque além de facilitar a comunicação e desenvolver habilidades de leitura e escrita, promovemos a interação entre os alunos”, destacou.

Para a professora Carmen Pereira, criadora do projeto, mais escolas deveriam realizar eventos como este, por ser simples, demandar poucas despesas e gerar inclusão entre os alunos. “É simples de realizar, não dá despesas em excesso, valoriza o cotidiano do aluno e motiva pela superação”.

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Fontes: Prefeitura de Canoas, ClipRBS.

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