Sem meu filho autista eu não seria metade da pessoa que sou hoje, confessa Mion

Nicole Utzig Mattjie

Marcos Mion é conhecido por apresentar programas de televisão há muitos anos. Formado em Comunicação Social pela PUC – SP, iniciou sua carreira na MTV e agora realiza o sonho de trabalhar na Globo, na qual apresenta o programa Caldeirão. Entretanto, Mion também é ator, escritor e além disso, ativista da causa autista no Brasil. Recentemente ao ser entrevistado no programa Mais Você da Ana Maria Braga, ele se emocionou ao falar sobre seu filho Romeu, dizendo que: “sem meu filho autista eu não seria metade da pessoa que sou hoje”.

Sem meu filho autista eu não seria metade da pessoa que sou hoje

Assim, durante a entrevista tomando café da manhã com Ana Maria Braga, o apresentador Marcos Mion falou sobre o filho Romeo, seu primogênito de 16 anos:

“Quando o Romeu nasceu, foi quando descobri que minha vida não era perfeita: mas ela estava prestes a se tornar, mais perfeita possível dentro das imperfeições. E ter um filho autista é o que possibilitou isso. Sem o Romeo, eu não seria metade da pessoa que eu sou hoje”, afirma Mion.

De acordo com Mion, sem o filho ele não teria chegado onde está hoje. Isso porque, para ele, Romeo é uma lembrança constante de que ele precisa ser sua melhor versão.

“Porque ele merece, porque tenho que ser a melhor versão pra que eu possa chegar no nível dele. Porque meus outros filhos (Donatella e Stefano), meus amores, a gente conversa – entre aspas, – de “igual pra igual”, eu falo, eles entendem”, conta.

Ademais, ele continuou explicando a diferença de educar um filho autista. “Pro Romeu, eu tenho que me colocar numa posição, onde eu tenho que soltar tudo que eu conheço: da minha vida, do que eu conheço de cognitivo, de racional, de como conversar com alguém, de como educar meus filhos… Eu tenho que soltar tudo. Tenho que elevar a minha alma pro patamar da dele. E aí sim eu consigo falar alguma coisa que ele pode entender”, complementa.

Assim, ele segue falando sobre o autismo, afirmando que os autistas têm uma pureza e uma sensibilidade maior. 

“É óbvio que existem vários níveis dentro do espectro (TEA), mas meu filho Romeo… Pensa que de repente o amor tomasse a forma humana, na forma de uma pessoa: é meu filho. Os sentimentos são muito verdadeiros. O amor, é o maior amor do mundo. E a dor, é a maior dor do mundo também”, declara Mion.

Lei Romeo

Por outro lado, Marcos Mion e sua esposa Suzana Gullo são conhecidos por seu posicionamento em defesa dos direitos das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). 

 Graças a seu ativismo, no ano passado foi aprovada no Senado a Lei Romeo Mion. Sancionada pelo poder executivo, a lei criou a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea), que pode ser emitida de forma gratuita, sob responsabilidade de estados e municípios.

Além disso, o texto determina também prioridade de atendimento para pessoas com autismo, tanto em estabelecimentos públicos, quanto privados. Ademais, a lei obriga cinemas a oferecer, uma vez por mês, sessões específicas para pessoas com autismo, com todas as adaptações necessárias para melhor acomodar esse público.

Segundo Mion, os autistas muitas vezes chegam a ser vistos como um “estorvo”, atrapalhando a sociedade. Contudo, para ele os autistas têm muito a nos ensinar:

“Tem ministros que falam que eles atrapalham, que não deveriam ir pra escola. Meu filho me ensina, ensina todos que convivem com ele. Ele ensina valores que tornam pessoas ao seu redor muito melhor, nenhuma escola ensina isso. Ele precisa de ajuda para entender a nossa humanidade de sentimentos ruins que ele não possui e, para viver em sociedade, ele precisa entender essas coisas”, afirma Mion.

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