Mulheres que empreendem pela superação

João Gomes

A superação e a quebra de barreiras, levou mulheres a empreender e mudar de vida

Dayane Priscila, 25 anos, é uma história de mulheres que, saiu do tráfico e do uso de drogas periferia da zona norte de São Paulo para estudar pedagogia e vender bolos. Mãe solo da Letícia Caroline, de 8 anos, ela viu na filha a inspiração e a força para uma superação e mudança de vida.

“A vida era fácil, portanto, eu tinha dinheiro fácil, então eu acabei me deixando levar”, conta ela. “Mas eu não estava tendo nada concreto para a minha vida. A minha filha estava crescendo e tinha que se espelhar em alguém.”

Dayane é uma das 95 participantes da edição do Women Will, programa de capacitação do Google em parceria com a Rede Mulher Empreendedora para criar oportunidades econômicas e promover o desenvolvimento e o sucesso de mulheres ao redor do mundo, dedicada a mulheres negras.

Oportunidade de crescimento

Atualmente desempregada, Dayane vê no programa uma oportunidade para alavancar a sua fonte de renda: a venda de bolos que ela mesma faz. “Depois de ouvir a história das pessoas e ter presenciado outras vivências, está na hora de sair da minha zona de conforto e tomar meu próximo passo.”

Women Will – mulheres na liderança

“Queremos, com esse projeto, empoderar as mulheres através de ferramentas que ajudem na liderança e na comunicação e a entender como gerenciar suas finanças pessoais, para que elas encontrem as suas próprias oportunidades econômicas, tanto abrindo seu negócio, quanto encontrando um emprego”, explica Susana Ayarza, diretora de marketing do Google Brasil.

Lutra contra o racismo

Bruna Trajano, de 30 anos, também se inspirou com o programa. Há 3 anos ela já tem o próprio negócio, Odara Cachos & Tranças, um salão de cabeleireiro voltado a mulheres com o cabelo cacheado e crespo. Ela quer ajudar meninas, especialmente as negras, que estão passando por transição capilar. Ajuda essa que ela não teve quando mais nova.

Mulheres que empreendeem com sabedoria – Bruna Trajano na foto

“Quando eu tinha 16 anos, no meu primeiro emprego, eu tive um problema muito sério de racismo. Eu estava passando por transição capilar e o gerente do local onde eu trabalhava falou que o meu cabelo não estava adaptado àquele ambiente”, revelou.

Por isso, sentiu a necessidade de abrir o Odara Cachos & Tranças e, agora, ela quer aprimorar ainda mais o seu negócio, fazer networking, conhecer novas ferramentas digitais para, quem sabe, no futuro abrir franquia.

Mudança da realidade brasileira para mulheres nos negócios

Com o objetivo de reduzir a desigualdade econômica e de gênero no Brasil, o Women Will já treinou 14 mil mulheres que não tiveram muitas oportunidades na sociedade, como, por exemplo, mulheres negras, trans, sênior e residentes de bairros periféricos.

O principal foco do programa é ajudar as participantes a gerarem a própria renda, seja por forma do empreendedorismo, seja conseguindo um emprego formal.

O programa Women Will oferece ferramentas para as mulheres buscarem novos rumos na carreira

“Nós temos muitas histórias de mulheres que se conheceram aqui no programa e construíram um negócio juntas, formaram mini redes de contato para se apoiarem mutuamente”, conta Ana Fontes, fundadora da RME. “Outro ponto importante de lembrar é que quando essas mulheres geram renda para elas, muitas saem de um ciclo de violência doméstica, porque deixam de depender financeiramente do marido”, exemplifica.

Para escolher as 95 participantes dessa edição, a RME selecionou, de todas as inscrições, as que se autodeclaravam como mulheres negras ou pardas e que estavam localizadas em regiões menos favorecidas. “Normalmente são essas mulheres que têm menos oportunidades de trabalho e nós queríamos dar a elas novas chances”, explica Fontes.

Histórias para inspirar novas

Não só os temas das oficinas do Women Will são meticulosamente pensados, mas também quem irá ministrar as palestras – as chamadas facilitadoras. Portanto, é preciso haver representatividade também nelas. “Isso é muito importante para que as participantes se sintam reconhecidas”, afirma Fontes.

Ana Minuto, coach e treinadora voltada para carreira e empreendedorismo, que foi participante do programa e hoje é uma das facilitadoras. “Quando eu me inscrevi, tinha duas palestrantes negras e eu achei demais, porque nunca tinha visto algo assim”, revelou à CLAUDIA. “Isso é muito importante por conta da representatividade.”

Hoje, ela conta a sua história de superação para centenas de mulheres. Filha de uma mulher que lutou a vida inteira pelas minorias, Minuto seguiu os passos de sua mãe e hoje, através do coaching, ajuda as pessoas a empreenderem e alavancarem suas carreiras.

Para ela “é preciso conhecer o seu negócio e fazer com que as suas habilidades possam agregar nele, porque quando você tem a sua habilidade e a sua competência, e soma isso ao seu negócio, não tem como dar errado”, finaliza.

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