Lollapalooza tem tradução dos shows em Libras

Redação Uníntese
Lílian Rocha, 32 anos, intérprete de libras

O público que veio prestigiar a décima edição do Lollapalooza nos dias 24, 25 e 26 de março no Autódromo de Interlagos, na zona sul de São Paulo, se surpreendeu com uma novidade em festivais brasileiros. Isso mesmo, com foco na acessibilidade, o Lollapaloza tem tradução dos shows em Libras nos telões dos palcos.

Mais inclusão nos palcos do Lolla

Você sabia que Lollapaloza tem tradução dos shows em Libras em alguns shows contam com tradução simultânea em Libras, a Língua Brasileira de Sinais? Assim, nos diferentes palcos do festival Lollapalooza, há algo em comum. No cantinho dos telões, enquanto os cantores cantam seus maiores hits, os intérpretes se revezam na tradução em Libras de tudo que está sendo cantado ou falado.

A operação é concentrada em containers especialmente montados no backstage dos palcos.

Desse modo, diferentes intérpretes se revezam na tradução, filmados por uma câmera diante de um chroma key, o tradicional fundo verde usado na edição de imagem no cinema e na TV.

Assim, enquanto eles dançam animados, observando o que acontece por uma TV, em voz alta, outra pessoa lê em voz alta a tradução em português do que está sendo cantado. 

Vida de intérprete de Libras

Thamires Alves ferreira, 29 anos umas das Intérprete de Libras, que trabalhou na décima edição do Lolla, reproduz cada passinho que Ludmilla faz em cima do palco do Lollapalooza , mas não é dançarina. Divide o telão com a cantora, mas tampouco é artista.

A única semelhança de Thamires com Ludmilla é o sotaque e o molejo carioca. Na verdade, a intérprete de Libras, é uma nova presença nos telões dos palcos do Lollapalooza que tem chamado a atenção do público.

Atrás do palco, num contêiner de não mais do que três metros quadrados, Thamires faz um show à parte. Usando um fundo verde, com uma televisão para assistir à apresentação e uma câmera à frente para a projetar no rodapé do telão, ela traduz não só as letras e as falas da cantora, mas também seus movimentos.

Acessibilidade para os surdos em festivais

Não é a primeira vez que o Lollapalooza conta com intérpretes de Libras. No entanto, antes eles ficavam só nas plataformas à frente dos palcos que são dedicadas a pessoas com deficiência.

Depois de pouco mais de cinco minutos, a intérprete sai de cena e dá lugar a um colega, que segue o show e, dali a outros poucos minutos, é substituído por um terceiro intérprete. Isso porque, interpretar, como eles mesmo contam, cansa demais. Para cada palco, são quatro profissionais, que a cada duas ou três músicas se revezam.

“A gente precisa de uma equipe grande, porque em shows internacionais, por exemplo, escutamos em inglês, traduzimos na cabeça para o português e jogamos para Libras. São duas traduções simultâneas. Cansa muito”, diz Ferreira, que trabalha há quase uma década como intérprete.

À frente da câmera, vale tudo para passar a mensagem. “Afinal o surdo está ali sem sentir o ritmo, e queremos que ele sinta a mesma coisa. Se é rock, a gente levanta os dedos principais e balança a cabeça. Se é o beat do funk, a gente rebola mesmo.”

Ela diz que o show mais difícil de interpretar foi o de Kali Uchis. Isso por causa das letras da cantora, de temática erótica. “Precisei empregar uma sensualidade muito grande, mas não podia brigar com o balé dela. Tive que me conter.”

A presença dos intérpretes nos telões dos palcos, também vista no Rock in Rio e no Primavera Sound do ano passado, traz mais autonomia ao público que precisa desse suporte, na avaliação da intérprete. “Agora, o surdo pode andar para qualquer lugar que vai ter acessibilidade. Ele não vai estar mais preso na plataforma para deficientes.”

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