Como lidar com a agressividade dos alunos no ambiente escolar?

Nicole Utzig Mattjie

Saiba como a escola e a família podem lidar com a agressividade dos alunos

Um dos primeiros contatos com a educação e o desenvolvimento social que uma pessoa tem é em casa com a família e depois quando ela passa a frequentar a escola.

No entanto, a escola é um ambiente mais complexo e muitas vezes um tanto quanto complicado, visto que cada aluno vem de uma família diferente, com histórias e comportamentos diferentes. Ademais, algo que tem preocupado a sociedade é a crescente violência nas escolas. Desse modo, é fundamental que todos os envolvidos no processo educacional saibam lidar com o problema, enquanto estabelecem uma cultura de respeito e de não violência.

Mas então como lidar com a agressividade dos alunos?

Diariamente vemos notícias, ou sabemos de algum caso de agressividade no ambiente escolar. Seja no trato com professores ou entre colegas, a falta de controle emocional se tornou uma característica recorrente. Mas, o que é aceitável ou não no que diz respeito ao comportamento agressivo? De acordo com especialistas, a raiva e a agressividade aparecem naturalmente na infância, como manifestações próprias do desenvolvimento socioemocional. É uma emoção associada ao comportamento agressivo diante de um conflito, uma provocação ou uma frustração.

Mas, como perceber, já na primeira infância, que a agressividade da criança extrapolou os limites? Segunda a psicóloga Andressa Sperancetta, a frequência, intensidade e persistência desses comportamentos é que indicam se há uma dificuldade que ultrapassa o esperado para a idade da criança.

“O comportamento agressivo mais frequente ou intenso pode se manifestar por um período curto e estar relacionado a uma preocupação relevante, ao cansaço ou ao estresse experimentados pela criança. A família pode buscar investigar se o filho está passando por alguma situação difícil na escola ou com amigos”, avalia Andressa.

Se a questão persistir e os pais não conseguirem lidar com as situações por conta própria, vale consultar o pediatra ou um especialista em comportamento infantil. Os sinais de alerta mais comuns para procurar ajuda são: lesões físicas em si mesmo ou para outros (marcas de dentes, hematomas, lesões na cabeça), ataques de agressividade aos pais ou a outros adultos, ser enviado para casa ou ser impedido pelos vizinhos ou pela escola de jogar ou de brincar.

No caso da criança mais velha exibir comportamentos antissociais ainda mais sérios – participa ou é responsável por atos de vandalismo, crueldade com animais, agressão a outras pessoas (física ou emocionalmente), mentiras e oposição a figuras de autoridade – isso pode indicar riscos para desenvolver um transtorno de conduta.

Parceria família e escola

Família e escola precisam desenvolver uma relação de confiança mútua e de colaboração, entendendo que ambas são importantes para a educação e no controle da agressividade dos alunos. Nesse sentido, o diálogo e a sintonia nas ações são fundamentais. Se uma criança é incentivada a ser agressiva, ao ouvir os pais dizendo “defenda-se”, “bata nele também”, vai encontrar dificuldade para assimilar as regras de convivência da escola, que estipula claramente o que pode ou não pode ser feito.

“E, com o passar dos anos escolares, a agressividade é vista como uma conduta inaceitável e necessita de intervenções disciplinares”, avalia Andressa.

Tanto os pais quanto os professores devem assumir o controle na interação com a criança, quando a agressividade for utilizada como meio de expressar sentimentos. Cabe aos adultos ajudar a criança a desenvolver o discernimento, o autocontrole e a capacidade de expressar seus sentimentos de uma forma mais aceitável.

Atitudes importantes dos adultos no ambiente familiar e escolar:

➔Mostrar que entendeu que a criança está com raiva é importante, mas também deve deixar claro quais os limites para comportamentos aceitáveis e inaceitáveis. Ela precisa entender para assumir responsabilidade por suas atitudes e estar disposta a aceitar consequências.

➔Diante de um conflito, a criança precisa ser ensinada a dizer não em um tom de voz firme, ignorar ou encontrar outras ocupações em vez de lutar com o corpo. Utilizar exemplos reais para ensinar a resolver problemas com palavras e a perceber que conversar é mais eficaz e mais civilizado que agredir.

➔Fazer combinados pode ser útil quando, por exemplo, a criança é agressiva com outra. Os pais ou o educador podem solicitar que a criança, no lugar de bater, venha falar sempre que sentir raiva.

➔Com as crianças mais velhas, é válida a supervisão cuidadosa quando estão envolvidas em disputas com seus companheiros. Se a discordância é mínima, os adultos podem deixá-los resolverem por conta própria ou mediarem a situação. Mas o adulto deve intervir em caso de luta corporal que continua mesmo depois de pedir que pare, ou quando a criança parece estar com uma raiva incontrolável e agride a outra.

➔Elogiar a criança pelo comportamento adequado garante que esse comportamento se mantenha ou que seja adquirido gradativamente.

O papel da escola em lidar com a agressividade dos alunos

A escola tem um papel fundamental na manutenção de um ambiente harmonioso e seguro. Avaliar como a escola do seu filho trabalha com esse assunto é muito importante. Verifique se há projetos e atividades que abordam virtudes, valores e habilidades socialmente adequadas. Avalie também as medidas disciplinares, com função educativa e proporcionais a cada ato inadequado, e o regimento no atendimento a qualquer criança e adolescente, seja ela mais ou menos agressiva.

O que deve ser trabalhado dentro da escola:

  • Resolução de problemas e mediação de conflitos
  • Expressão de sentimentos e autocontrole
  • Empatia
  • Estratégia para um pedido de desculpas eficaz
  • Comunicação assertiva
  • Definição de metas para mudança de comportamento
  • Análise de consequências

Fonte: G1

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Sobre O CURSO

A violência nas escolas é uma preocupação de importância crescente. Desse modo, é fundamental que todos os envolvidos no processo educacional saibam lidar com o problema, enquanto estabelecem contemporaneamente em suas zonas de atuação uma cultura de respeito e de não violência.

Neste curso, discutiremos o assunto, ressaltando algumas práticas que ajudam professores a lidar com os diversos tipos de comportamento agressivo, praticado pelos alunos dentro e fora do ambiente escolar.

Também aprofundaremos a temática do comportamento pró-social e do relacionamento entre pares, no âmbito do ambiente escolar. De acordo com o poeta John Done “nenhum ser humano é uma ilha”. Dentro de nossa necessidade de relacionamentos, o papel das relações entre iguais, figura como uma chave de sucesso para nosso desenvolvimento pessoal. Neste espectro, é mister que cada indivíduo desenvolva suas habilidades pró-sociais. Elas nos abrem não apenas aos relacionamentos entre pares, mas igualmente nos ajudam a acolher diferenças.

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