Será que ladrões roubam livros?

Nicole Utzig Mattjie

Você sabia que no Iraque os donos de livraria não guardam os livros ao fechar as lojas? Segundo eles, ladrões não roubam livros.

Conheça a Rua Mutanabbi em Bagdá, no Iraque. É o centro histórico da venda de livros da cidade, uma rua repleta de livrarias e bancas de livros ao ar livre. O local foi batizada em homenagem ao poeta iraquiano clássico do século X, Al-Mutanabbi.

Considerada um refúgio para os amantes da literatura, com seus cafés e um mercado de livros, um dos mais famosos do mundo árabe, lá os donos de livraria não guardam os livros ao fechar as lojas. Pois segundo o ditado: “o leitor não rouba e o ladrão não lê”. E é assim, que por meio de um simples gesto, os iraquianos encontram um refúgio e um alívio para seus sofrimentos, como os atentados e as incertezas diárias.

Esta rua de Bagdá não foi poupada de atentados, e dezenas de pessoas já perderam suas vidas lá. Porém, os visitantes continuam frequentando a Mutanabbi, decididos a não se deixar impressionar.

Às sextas-feiras, a pequena rua de pedestres da velha Bagdá cria alma nova, quando os donos de sebos organizam seus últimos achados nos balcões, tentando atrair a atenção dos passantes declamando versos de Al-Mutanabbi, que parece zelar pelos presentes do alto de sua estátua.

Com menos de um quilômetro, a rua está situada entre o rio Tigre, sobre o qual está o monumento em homenagem ao poeta, e uma estrutura em forma de arco, decorada com uma de suas citações.

O Iraque dos sonhos

Outros frequentadores – exclusivamente homens – saboreiam tranquilamente chá com limão ou fumam voluptuosamente o narguilé, no café Shabandar, um dos mais renomados da cidade.

Para Kamil Abdulrahim al-Saadawi, que frequenta a rua há mais de 30 anos: “A rua Mutanabi nada tem a ver com a realidade do Iraque; é uma ilha à parte. Enquanto do lado de fora somos confrontados com a violência e a imbecilidade dos políticos – a nossa realidade -, aqui encontramos o Iraque de nossos sonhos”, acrescenta.

Confira abaixo um trecho em vídeo de como é a Rua Mutanabbi:

Novos ares

Em março de 2007 nem mesmo o refúgio dos iraquianos pode escapar da trágica realidade, quando sofreu um atentado terrorista. A rua só retornou a “normalidade” em 2008.

Quando chega a sexta-feira as pessoas parecem ter um encontro marcado, livre do ódio e da intolerância, apenas reunindo apaixonados pela literatura. De acordo com Jamal Saya, que há 25 anos administra uma das livrarias da rua:

“O que nos faz feliz aqui é a ausência da intolerância e do ódio. Mutanabi é o que há de melhor na cultura deste país”, segundo ele.

Por fim, os frequentadores observam, que os anos movimentados pelos quais passou o Iraque influenciaram, grandemente, a oferta de livros disponíveis. Porquanto, antes da invasão americana de 2003, a maioria dos textos era em árabe, com um grande número deles dedicados à glória do ditador deposto Saddam Hussein. Hoje, a escolha é mais abundante, com livros em línguas estrangeiras e outros objetos como os de papelaria, além dos CDs e os mapas geográficos.

Fonte: Veja

E agora, o que você acha: será que ladrões roubam livros? Você também concorda que “o leitor não rouba e o ladrão não lê”? Porquanto, o poder da educação, dos livros e da união de um povo podem impactar o mundo profundamente. Então que tal começar essa mudança por aqui também? Clique aqui e saiba mais.

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