Mãe e filha descobrem autismo juntas

Redação Uníntese

Mãe e filha unidas pelo autismo em todos os momentos, Lia Diorio Monteiro dos Santos, de 33 anos, e sua filha, Sara Diorio Monteiro dos Santos, de 8 anos, embarcaram em uma jornada única ao descobrirem, com pouco tempo de diferença entre elas, o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Essa revelação, que aconteceu há quatro anos, trouxe uma mudança profunda na rotina e na dinâmica da família.

Para Lia, entretanto, essa descoberta não foi um fardo, mas sim um alívio, uma libertação. A suspeita sobre seu próprio diagnóstico surgiu após Sara ser diagnosticada, e entender que também possui o TEA foi um ponto de virada em sua vida. Essa compreensão não apenas a ajudou a entender sua própria história e os desafios que enfrentou, mas também a se tornar uma melhor apoiadora e compreensiva mãe para Sara.

Como tudo começou com um olhar revelador

Quando Sara era pequena, Lia notou que ela demorou mais que o comum para começar a falar, só o fazendo aos 3 anos e meio, após iniciar a escola. Os funcionários escolares também perceberam características peculiares e chamaram atenção de Lia.

“Já percebíamos algumas coisas antes mesmo da escola. Ela andava na ponta do pé, parecia não nos ouvir quando a chamávamos e tinha episódios frequentes de explosões emocionais. Isso nos levou a buscar ajuda profissional”, conta Lia.

Depois de consultas médicas, o diagnóstico de autismo foi confirmado rapidamente, levando-as às terapias recomendadas. Desde então, têm uma rotina cheia de terapias, que continua até hoje.

Além do autismo, Sara também foi diagnosticada com TDAH e TDO, uma combinação comum.

O diagnóstico

Ao acompanhar Sara em sua jornada com o diagnóstico, Lia começou a ler mais sobre o autismo e conversar com profissionais. Logo, ela passou a suspeitar de comportamentos semelhantes em si mesma.

“Comecei a perguntar à minha mãe sobre minha infância, algo que nunca havia me interessado antes. Ela disse que eu demorei para falar, era mais reservada e não respondia muito quando chamada”, explica Lia.

Ela recordou que na escola, preferia brincar sozinha e tinha dificuldade em se encaixar em grupos. Isso persistiu no ensino médio, onde tinha problemas para se concentrar e interagir.

Na vida adulta, na faculdade e no trabalho, Lia enfrentou dificuldades de aprendizado e relacionamento interpessoal. No trabalho, tinha aversão a seguir instruções e, nos relacionamentos, enfrentava dificuldades com o toque físico.

Ao compartilhar essas lembranças com sua psiquiatra de longa data, que já a acompanhava há seis anos, Lia recebeu o diagnóstico de autismo.

“Foi como juntar as peças de um quebra-cabeça. Tudo fez sentido, e ouvir isso foi um alívio. Eu não era apenas ‘aquela pessoa estranha’ que as pessoas olhavam torto.”

Aceitação no Cotidiano de mãe e filha

Lia trabalha na farmácia hospitalar do Hospital Regional de Piracicaba, e encontrou apoio e acolhimento dos colegas quando recebeu o diagnóstico de autismo. Porém, nem sempre foi assim. Durante anos, para se integrar, ela reprimiu partes de si mesma, mascarando características naturais.

“Era necessário mascarar para me encaixar. Hoje, muitos não percebem, mas mascarei muito para passar despercebida”, revela Lia.

Esse esforço para conter seus maneirismos e lidar com ambientes desconfortáveis causava um grande desgaste, deixando-a constantemente cansada. Ela descreve esses momentos como “um rolo compressor que passou por cima”.

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