Banda brasileira formada por jovens autistas apareceu até na Netflix

Nicole Utzig Mattjie

O que para muitos parece algo pouco provável, para eles se tornou uma terapia. A banda brasileira formada por jovens autistas cria rock em Brasília e virou tema de um mini-documentário na Netflix. Confira.

A banda “Timeout” foi criada em 2017 e os membros se conheceram por meio do Instituto Ninar – que desde 2007 oferece atendimento clínico na área de autismo. Hoje, usam a música como ferramenta de socialização e de empoderamento.

Os integrantes são Ivan Madeira, João Daniel Simões, João Gabriel de Mello, João Henrique Lopes, Marcelo Bacelar, Matheus Winkler e Thiago Carneiro, todos jovens autistas com idades entre 14 e 23 anos.

Como tudo começou

Primeiramente, o projeto nasceu em 2017 com uma equipe de psicólogos do Instituto Ninar, que trata de pessoas com autismo. A banda tem influências de Pink Floyd, Legião Urbana, Oasis e Mamonas Assassinas e os garotos provam que podem, sim, tocar boa música.

“A gente acha que a Timeout é a banda mais rock’n’roll do momento”, diz o psicólogo Paolo Rietveld, idealizador do projeto.

Paolo notou que alguns de seus pacientes tinham aptidão para a música. E, assim, resolveu montar uma banda. Coincidentemente, na mesma semana, ele recebeu um rapaz que tocava bateria. Nesse momento, as coisas começaram a se concretizar.

Por que Timeout?

A ideia do nome da banda brasileira formada por jovens autistas vem do inglês e em tradução literal, Timeout significa ‘tempo fora’. Mas para a psicóloga Carolina Passos, uma das coordenadoras do projeto, a expressão tem mais de um sentido.

“A gente veio com essa ideia porque é tanto ‘fora’ da realidade dos meninos, que é uma agenda cheia de terapia, saindo de um atendimento para o outro, como também uma estratégia que a gente usa na psicologia”.

A tática citada por ela consiste em retirar a pessoa que está tendo um comportamento socialmente inadequado do espaço em questão.

Além de usar a música como um momento de descontração, a banda também tem caráter terapêutico. Por isso, os integrantes estão cada vez mais autossuficientes. Se antes era necessário estimulá-los a aprender as músicas, atualmente eles mesmos se policiam. “Se o João começar a música errada, já vem outro encher o saco dele”, entrega o psicólogo João Guilherme Videira.

Para o psicólogo, a banda não fala somente de jovens autistas, mas de pessoas que criam laços sociais importantes.

“O ganho de repertório de relacionamento interpessoal é muito grande, e para eles, que culturalmente estão mais isoladas, o salto é gigantesco”.

O episódio na Netflix

A Timeout virou tema do terceiro episódio da websérie “Os Originais” da Netflix. O contato inicial foi “meio mágico”, como conta Carolina Passos. “Entraram em contato e para gente foi até misterioso porque não sabíamos quem era a empresa”. Eles só descobriram de quem se tratava quando assinaram o contrato de confidencialidade. Assim, a trama do filme conta a história da banda e mostra ao público o trabalho feito pelo coletivo.

Confira o trailer do episódio:

“Acho que ter alguém com esse porte, validando (a banda), para gente, teve uma importância muito grande”, desabafa Carolina. Para ela, um dos objetivos da banda é conscientizar as pessoas de que é possível. “A Netflix entra com esse alcance, poder mostrar para um monte de gente como o mundo é diverso e é lindo”, finaliza.

Fonte: G1, Jornal de Brasília

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